quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pauta musical
Andorinhas ofegantes
Pousam por instantes
Chuva de prata
Na noite iluminada
Tuas mãos frias
Romper pela estrada
Galope feito relâmpago
Com um nó no peito
Chuva de granizo
As plantas gemem aflitas
E eu choro por dentro
Silêncio suspeito
No firmamento uma luz
Trovoada e vento
No tec-tec das teclas
Não recolho as borboletas
Que é dos meus sonhos?
Bashô

Séculos depois
As folhas da bananeira
O vento balança
Todos já passaram
Pelo lixo remexido
Ai dos velhos cães!
Acorda o silêncio
O lamento da viola
Luar no sertão
Por que trovar?
Trobar léu
Trobar clus
Silêncio no escritório
O pio diário do canário:
Ópio literário
Ainda guardo o retrato 3x4
Embora tenha jogado fora o poema
Que enamorado te escrevi
Atrás do horizonte
Nenhum destino a esconde:
A última morada!
À saída do refeitório: mormaço
Almoço tardio e pesado
Vamos pegar um tílburi?
Quem me guia os passos?
Pra onde vou? De onde vim?
Quem sou eu enfim?
O silêncio não é
o vazio não preenchido
do ser. Ele é.
Pequenos casulos
Os ninhos dos colibris
Abrigam amores
Preguiça, preguiça
No galho, o Martim Sonolento
Que mau pescador!
Bela madrugada
Céu, estrelas, pirilampos
Silêncio, nada!
Na ponta dos pés,
A porta range mansinho..
Uma criança dormindo
No frio da noite
Teus olhos: duas estrelinhas
E eu sem nenhum drops
Beco sem saída
A madrugada, silêncio
Passos na calçada
Não mente o olhar nunca
Basta um só pequeno gesto
Subitamente
A banda que passa
Crepúsculo de verão
Ninguém na janela
Alegre trinado
Um pássaro na arapuca
Silêncio na relva
Manhã de verão
Por que cantam as cigarras?
_ Nada, nada, nada...